quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Ode do poeta Horácio



I,9

A neve espessa já pesa nos píncaros,
A mata mal suporta o fardo branco:
             Gelam os ribeirões,
             Paralisam-se os córregos.

Ó Taliarca do festim, apague o frio
Com as achas no fogão. Pródigo, verse
De uma ânfora sabina de duas ansas
            Um vinho de quatro anos!

O resto, amigo, entregue aos deuses. Mal
Morram os ventos guerreiros no mar,
            Não chacoalhem ciprestes,
            Nem cabeceiem freixos,

Não queiram saber nada do amanhã:
Credite à sua conta o dia de hoje.
Não se esquive, menino, dos namoros
           E nem das contradanças;

Bem longe os anos velhos, aproveite,
Antes da idade trôpega e grisalha,
           Dos risos abafados
           Nos cantos escondidos,

Quando o dia se vai, da namorada,
E roube dela anéis e braceletes
De amor, depois de uns queixumes, após
          Alguma resistência.

Tradução: Décio Pignatari


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